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Curitiba revolucionará novamente a mobilidade urbana com o Bilhete Único

07/10 | Artigos

Por Ademar Batista Pereira,*

Curitiba, referência mundial em transporte coletivo desde os tempos de Jaime Lerner, vive mais uma encruzilhada histórica. A cidade está em fase de renovação da concessão do sistema e tem, portanto, a oportunidade de avançar em qualidade: a adoção do bilhete único.

A ideia é simples e transformadora. O cidadão compra o direito de usar o transporte por um período — dia, semana ou mês — e pode realizar quantas viagens precisar, seja para trabalhar, estudar, ir ao mercado, ao parque ou à igreja. Isso representa mobilidade de verdade e inclusão social.

O atual prefeito, jovem e dedicado, já se comprometeu a não aumentar a tarifa, mantendo essa promessa por meio do bilhete temporal, que ajuda a aliviar a pressão sobre os usuários. Mas surge a questão: não é hora de atualizar o modelo?

Nos anos 1970, Jaime Lerner enfrentou interesses e ousou criar canaletas exclusivas, estações-tubo e linhas troncais, uma ideia que parecia impossível, mas que virou referência mundial. Meio século depois, Curitiba precisa de uma nova revolução. Não de concreto e asfalto, mas de visão: colocar o usuário no centro do sistema, o que passa necessariamente pelo bilhete único.

O modelo atual, centrado na cobrança por passagem, nasceu em outro tempo e cumpriu seu papel. Mas a tecnologia permite hoje soluções mais modernas. Com a nova concessão baseada no pagamento por quilômetro rodado, é possível implantar o bilhete único, deixando de depender da tarifa por passageiro e focando no serviço prestado à população, abrindo espaço para uma mobilidade mais inteligente, inclusiva e sustentável.

A URBS (Urbanização de Curitiba S.A.), empresa símbolo da eficiência curitibana, pode liderar essa transformação. Em vez de ser apenas gestora da bilhetagem, pode se tornar o cérebro de um sistema moderno de mobilidade urbana, como acontece em cidades como Paris, Barcelona e Berlim, onde o transporte é integrado, transparente e orientado ao usuário. O controle público permanece, mas com foco em gestão inteligente, integração modal e liberdade de uso.

O bilhete único não beneficia apenas os moradores. Curitiba recebe mais de um milhão de turistas por ano, e oferecer a eles um sistema simples, moderno e acessível facilita o deslocamento, estimula o turismo e reduz o uso de veículos particulares. Mais usuários significam mais equilíbrio financeiro para o sistema, menos trânsito e melhor qualidade de vida para todos.

O bilhete único é, portanto, uma evolução natural do sistema que fez história. Um passo à frente que mantém o espírito inovador de Lerner, mas o traduz para o século XXI. Se no passado tivemos coragem de enfrentar paradigmas e nos tornamos modelo para o mundo, por que não avançar novamente? O bilhete único é mais do que inovação: é o símbolo de que Curitiba está pronta para se reinventar e sair na frente.

Ademar Pereira Batista, Presidente do Instituto Destino Brasil e Diretor da Federação Nacional de Escolas Particulares (FENEP).

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