Projeto propõe solução eficiente e sustentável para um dos principais gargalos urbanos da capital paranaense
Com a nova licitação do transporte coletivo no centro das discussões da Câmara de Curitiba neste segundo semestre, propostas para tornar o sistema mais eficiente e acessível começam a ganhar destaque. Uma delas é a implantação do Bilhete Único, projeto proposto pelo Instituto Destino Brasil como alternativa para reconquistar passageiros, facilitar a integração entre linhas e ampliar o uso do transporte público na cidade.
Um levantamento realizado pelo próprio Instituto indica que cerca de 70% dos passageiros de Curitiba utilizam vale-transporte. Segundo Ademar Batista Pereira, presidente do Instituto, a medida permitiria o uso ilimitado do transporte coletivo por um valor fixo mensal, promovendo integração entre modais e redução no tempo de deslocamento.
“Com o Bilhete Único, esse público poderia recorrer ao sistema também para atividades fora do horário de trabalho, como lazer, compras ou compromissos familiares, promovendo um uso mais amplo, cotidiano e eficiente do transporte coletivo”, afirma Pereira. Ainda de acordo com ele, o sistema atual, embora historicamente reconhecido, está obsoleto para as necessidades de hoje. “Trata-se de atualizar o transporte público com o que há de mais moderno, focado no cidadão e em suas necessidades reais”, acrescenta.
De acordo com dados do IRG Pesquisas, 56,46% dos curitibanos utilizam o carro como principal meio de transporte, enquanto apenas 28,21% fazem uso do ônibus. Entre os principais fatores que afastam os usuários do sistema estão a falta de flexibilidade nas rotas e horários (22,3%), o tempo elevado de deslocamento (20,8%), a insuficiência de linhas (9,8%) e os atrasos frequentes (5,2%). Além disso, o valor atual da tarifa, de R$ 6, é considerado caro por 61% dos entrevistados, principalmente entre os mais jovens e a população de baixa renda.
Diante desse cenário, o Bilhete Único é apontado pelo Instituto como uma medida estratégica para melhorar a experiência do usuário e fortalecer o transporte coletivo. “A proposta amplia a autonomia do passageiro, reduz custos individuais e pode estimular uma mudança no padrão de mobilidade urbana. Quando o transporte público funciona bem, ele se torna uma alternativa real ao carro particular, e pode, inclusive, criar um impacto positivo no turismo ”, explica Ademar.
Apresentado previamente à Câmara Municipal e à Prefeitura de Curitiba, o projeto começará a ser debatido nos próximos meses em conjunto com a URBS (Urbanização de Curitiba S.A.), como parte das discussões sobre o novo modelo de concessão do transporte coletivo. A proposta se baseia em experiências nacionais e internacionais bem-sucedidas, como as implementadas em cidades da Alemanha e em São Paulo, onde a bilhetagem flexível resultou em maior adesão ao sistema e mais sustentabilidade financeira.
